“Potencial hidrelétrico brasileiro deveria ser melhor explorado”
- Thais Mariano da Costa
- 8 de nov. de 2022
- 3 min de leitura

A opinião é de Fernando Chein Muniz, diretor da Odebrecht e ex-conselheiro de Administração da ABEEólica
“A energia hidrelétrica é renovável e de baixo custo, e o potencial brasileiro de geração é um dos maiores do planeta”, escreveu Fernando Chein Muniz, diretor da Odebrecht Engenharia e Construção S.A. e ex-conselheiro de Administração da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), em artigo publicado na Folha de São Paulo.
Segundo ele, antes dos anos 2000 a geração hidrelétrica somava 85% da energia produzida no país. Além disso, os reservatórios ainda tinham a vantagem de permitir o controle de geração mesmo para períodos de escassez hídrica, constituindo a chamada energia de base.
Além disso, na época, o sistema de transmissão nacional não estava interligado, o que trazia maior vulnerabilidade, inclusive sendo esse o principal fator do apagão de 2001, aliado à baixa pluviosidade à época.
Usinas a fio d’água exigem diversificação de fontes
“A diversificação passou a ser importante, pois a partir de então, passou-se a executar hidrelétricas com pouco ou nenhum reservatório, as usinas a fio d’água, que também contribuem com a geração de base, mas não são suficientes para suportar secas severas”, contou Muniz.
Como comparação, ele cita que no início dos anos 2000, os reservatórios das hidrelétricas representavam uma espécie de “caixa-d’água” de oito meses, isto é, caso não chovesse por igual período, ainda assim as hidrelétricas suportariam todo o consumo necessário do país —desde que acompanhada da respectiva transmissão da energia gerada.
Hoje, essa capacidade de armazenamento caiu pela metade. “Ou seja, a decisão de construir hidrelétricas sem reservatórios, diversificar a geração por fontes renováveis intermitentes, aliada a uma tímida expansão da geração térmica de base, criou, em 20 anos, uma situação em que o país — mesmo com um robusto sistema de transmissão — fica muito exposto em momentos de crise hídrica, como a ocorrida em 2021”, afirmou.
Muniz destaca a importância do avanço da energia eólica e solar, os estímulos à geração distribuída e a biomassa de cana. “Essas fontes certamente contribuem com a diversificação da matriz energética, suportam períodos de pico de consumo e são limpas e renováveis. No entanto, são intermitentes, ou seja, dependem de condições naturais praticamente instantâneas, não sendo possível garantir que a energia esteja disponível no momento da demanda”, alerta.
Hidrelétricas são sustentáveis e beneficiam o entorno
Na visão de Muniz, o potencial hidrelétrico nacional é aproveitado de maneira ambientalmente sustentável. Para justificar, ele cita um estudo do Instituto Acende Brasil, sobre a implantação de hidrelétricas em 215 municípios por cinco anos, abrangendo 168 usinas.
O levantamento comparou indicadores socioambientais entre municípios que receberam hidrelétricas e os que não, e detectou que onde as usinas foram implantadas o emprego formal cresceu 30%, a arrecadação de impostos aumentou mais de 60%, doenças foram reduzidas em 20%, mortes caíram 7% e o desmatamento não teve relação com a implantação das usinas.
“Ou seja, a implantação das hidrelétricas não afetou níveis de desmatamento, teve seus impactos ambientais mitigados e impactou positivamente a qualidade de vida da população dos municípios em que as usinas foram construídas”, aponta, mencionando que os reservatórios regularizam a vazão dos rios, aumentam a capacidade de uso múltiplo da água, seja para impulsionar a agricultura e a produção de alimentos, seja no abastecimento de água.
Em defesa das hidrelétricas, Muniz cita ainda um relatório da Agência Internacional de Energia, de 2021, que defende que os países precisam investir em hidrelétricas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
“Além de ser uma energia renovável, as hidrelétricas são eficientes complementos para fontes eólica, solar e biomassa, garantindo as metas da agenda ambiental e o crescimento econômico sustentável do país”, afirma o executivo, frisando que a engenharia brasileira tem capacidade comprovada de soluções eficientes de implantação das usinas de maneira ambientalmente responsável, respeitando particularidades de cada localidade.
A notícia na íntegra você confere em: “Potencial hidrelétrico brasileiro deveria ser melhor explorado” (engie.com.br)







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